a. Saúde Mental
A Saúde Mental é uma parte integrante da saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS) define-a como «o estado de bem-estar no qual o indivíduo tem consciência das suas capacidades, pode lidar com o stress habitual do dia-a-dia, trabalhar de forma produtiva e frutífera, e é capaz de contribuir para a comunidade em que se insere».11
A Saúde Mental engloba o bem-estar psicológico, mas não se reduz a este. Baseada no equilíbrio das funções mentais traduz-se em comportamentos adaptados às diferentes circunstâncias em que o indivíduo está envolvido: desenvolver e manter relacionamentos, estudar, trabalhar ou seguir com os seus interesses e tomar, diariamente, decisões sobre educação, emprego, habitação ou outras escolhas. Se o equilíbrio mental de uma pessoa estiver fragilizado ou alterado por uma perturbação psiquiátrica ou médica, isso pode afetar negativamente a sua capacidade de escolha, levando não só a uma diminuição das funções a nível individual, mas também a um nível mais amplo com perdas de bem-estar para a família e sociedade.12
b. Perturbação Mental (major e minor)
A perturbação mental, que normalmente se traduz por alterações comportamentais, está relacionada com o sofrimento, incapacidade ou morbilidade causados por transtornos mentais, neurológicos ou uso de substâncias. É sempre de origem multicausal, com envolvimento de variáveis genéticas, biológicas e psicológicas, assim como condições sociais adversas ou outros fatores ambientais.12 Os diferentes pesos relativos de cada uma destas variáveis traduzem-se em agrupamentos de sintomas diferentes classificados como perturbações diferentes.
Para ser classificada como perturbação é preciso que essas fragilidades sejam continuadas ou recorrentes e que resultem num agravamento ou perturbação do funcionamento pessoal numa ou mais esferas da vida.13 De um modo geral pode dizer-se que a perturbação mental se caracteriza por mudanças ao nível do modo de pensamento e das emoções, normalmente com tradução comportamental, ou de uma combinação destes, associados com diminuição (ou perda) da liberdade de agir e/ou deterioração do dia-a-dia do doente, da sua vida social, do emprego ou das atividades familiares.14
A maioria das pessoas que sofrem de perturbação mental não gosta de falar sobre o assunto ou revelar que é doente, por todo o estigma que está associado a estas doenças. A grande mudança que deve ser operada por todos os agentes sociais é no sentido de assumirem e mostrarem que a perturbação mental é uma condição médica, como a diabetes ou a doença cardíaca, que na maior parte dos casos tem tratamento.
As perturbações mentais podem afetar qualquer pessoa, independentemente da sua idade, sexo, estatuto social, rendimentos, raça/etnia, religião, orientação sexual, personalidade ou qualquer outro aspeto relacionado com a identidade cultural. Embora a perturbação mental possa ocorrer em qualquer idade, três quartos das perturbações mentais começam no início da idade adulta.14
As perturbações mentais podem assumir muitas formas. Algumas são mais leves e podem apenas interferir de forma pouco significativa na vida diária – são as perturbações mentais minor, como são exemplo as depressões minor ou as perturbações de ansiedade. As perturbações mais graves, denominadas por perturbações mentais major, têm implicações significativas na vida do doente, chegando até a ser necessários cuidados hospitalares. São exemplo a esquizofrenia, a perturbação bipolar, a depressão major e formas graves de ansiedade.14