a. Fármacos
Os medicamentos são fundamentais no tratamento das várias perturbações mentais e é essencial que as pessoas sigam rigorosamente o plano de medicação prescrito pelo seu médico. 56
Existem vários tipos de medicamentos para tratar as diferentes perturbações mentais.
Os antidepressivos são o medicamento mais usado no tratamento da depressão, mas podem também tratar outros problemas, como a ansiedade, a dor e a insónia. Estes medicamentos melhoram os sintomas de depressão e evitam que estes reapareçam. Por razões ainda desconhecidas, algumas pessoas reagem melhor a alguns antidepressivos do que outras. Por isso, em algumas situações a pessoa com depressão precisa de testar vários fármacos até encontrar aquele que melhor atua no seu caso.56
Os ansiolíticos ajudam a reduzir os sintomas de ansiedade, nomeadamente os ataques de pânico, os medos extremos e a inquietação. Alguns dos ansiolíticos devem ser tomados apenas num curto período de tempo para ajudar a pessoa a manter sob controlo os sintomas físicos e podem também ser usados para reduzir crises agudas de ansiedade. Outros devem ser tomados durante um período de tempo mais longo para atingirem o seu pleno efeito. 56
Os antipsicóticos são principalmente usados para tratar as psicoses. Os episódios psicóticos podem ser resultado de uma condição física, como o abuso de drogas, ou de uma perturbação mental, como a esquizofrenia, a perturbação bipolar ou depressões muito graves. Frequentemente, os antipsicóticos são combinados com outros medicamentos no tratamento do delírio, demência e outras condições, como perturbação de hiperatividade e défice de atenção, perturbações do comportamento alimentar, perturbação obsessiva-compulsiva, entre outras. Os medicamentos antipsicóticos não curam estas perturbações mas aliviam os sintomas e garantem qualidade de vida aos pacientes.56
Os estabilizadores de humor são usados principalmente para tratar a perturbação bipolar mas também alterações de humor associadas a outras perturbações mentais e, noutros casos, para aumentar a eficácia de outros medicamentos usados, por exemplo, no tratamento da depressão.56
b. Tratamento psicológico
O tratamento psicológico constitui um dos pilares do tratamento das pessoas com perturbações psiquiátricas. Consiste na aplicação de técnicas específicas de intervenção psicológica centradas no diálogo ou na ação. Em geral, nas perturbações mentais minor o tratamento psicológico pode ser suficiente, mas nas perturbações mentais major o tratamento psicológico é sempre um complemento do tratamento farmacológico. Este tipo de intervenções pode ser por um período curto de tempo (psicoterapias breves), como no caso da resolução de um determinado conflito, ou estender-se por períodos de tempo mais longos, como nos casos da psicoterapia das perturbações depressivas.
c. Psicoterapia
A psicoterapia é uma forma de tratamento psicológico que pressupõe um diagnóstico psicológico e a aplicação de um conjunto variado de técnicas para se atingir os objetivos definidos. Há muitas e variadas formas de psicoterapia mas, no essencial, todas visam uma melhor compreensão de si e o auto-controlo. São exemplo de psicoterapias a psicanálise, a terapia cognitivo-comportamental, as terapias humanistas, entre outras. Não se pode confundir com psicoterapias as técnicas de remediação cognitiva nas quais se pretende estimular funções cognitivas deficitárias, como acontece nos treinos de remediação cognitiva nas psicoses e nas demências.
d. Internamento
O internamento psiquiátrico é uma forma de tratamento com indicações clínicas precisas, como, por exemplo, o risco de suicídio, casos de episódios psicóticos agudos ou de graves alterações do comportamento. Dada a eficácia das novas formas de tratamento, nos tempos modernos o internamento psiquiátrico é, normalmente, de curta duração (com exceções), sendo o período de tratamento pós-alta um período complementar de tratamento ao internamento.57
Neste sentido, o tratamento psiquiátrico moderno resulta da conjugação de formas de tratamento complementares entre regimes de tratamento em internamento, em contextos ambulatórios de pós-alta e na comunidade. O racional que subjaz a este modelo é a criação das condições clínicas que permitam aos doentes com perturbações psiquiátricas terem um processo de integração social rápido e sem ruturas, promovendo-se, em permanência, as condições de restituição da autonomia.5
e. Eletroconvulsoterapia
A eletroconvulsoterapia é uma forma de tratamento que visa a sincronização cerebral através da aplicação, sob anestesia, de uma corrente elétrica em áreas definidas do cérebro. A sua aplicação tem indicações clínicas específicas e consensualmente definidas.58
Esta forma de tratamento psiquiátrico foi desenvolvida em 1937, pelos médicos italianos Ugo Cerletti e Lucio Bini. Durante as décadas de 1960 e 1970 a eletroconvulsoterapia foi retratada de forma preconceituosa em muitos livros, filmes e peças de teatro, tendo sido recuperada com a evolução tecnológica e com a investigação clínica relativamente às condições da sua aplicação e à sua eficácia.9
O tratamento por eletroconvulsoterapia tem-se revelado eficiente no tratamento da depressão, mas pode também ser indicado para casos de esquizofrenia e episódios maníacos. O facto de atuar mais rapidamente e ser eficaz mesmo em doentes que fizeram medicação sem notar melhorias, faz da eletroconvulsoterapia uma alternativa no tratamento das perturbações mentais.9