O segundo dia do Congresso Nacional de Psiquiatria destacou-se por um diversificado conjunto de comunicações e plenárias, que abordaram temas relevantes na área da saúde mental.
O dia começou com Comunicações Livres, moderadas por Ana Matos Pires, Sofia Gomes e João Relvas. Vários investigadores apresentaram os seus trabalhos em diversas salas, oferecendo uma plataforma para a discussão de novas ideias e descobertas na Psiquiatria.
Na plenária, Sara Xapelli apresentou a comunicação “Exploring Antidepressant Mechanisms: The Role of Cannabinoids, Physical Exercise, and Adult Hippocampal Neurogenesis”. Esta sessão foi seguida de um coffee break, que também serviu como espaço para a apresentação de posters de investigação. O congresso continuou com uma plenária a cargo de Robert Schoevers, com o título “Psychedelic treatments in Psychiatry: between hope, hype and clinical complexities”, analisando a esperança e as complexidades clínicas associadas a estas abordagens inovadoras.
Em seguida, quatro simpósios abordaram temas distintos. O primeiro, “Relação bidirecional entre obesidade e psicopatologia – da neurobiologia à clínica”, foi moderado por Albino Oliveira-Maia e Cátia Ramos, e incluiu intervenções de especialistas como Albino Oliveira-Maia, que falou sobre “Fome hedónica – um biomarcador para depressão atípica?”, Eva Martins Conceição com “Relação Bidirecional entre Obesidade e Psicopatologia, da perspetiva da Regulação do Comportamento Alimentar”, e Gabriela Ribeiro com “Relação Bidirecional entre Obesidade e Psicopatologia, da perspetiva das Neurociências”.
O segundo simpósio centrou-se nas “Perturbações do neurodesenvolvimento complexas no adulto”, moderado por Carlos Filipe e João Paulo Albuquerque. Este simpósio contou com as apresentações de João Paulo Albuquerque, que discutiu “Especificidades da avaliação e da intervenção terapêutica nas PDI”, Rute Cajão, com “Comorbilidades nas perturbações do neurodesenvolvimento no adulto – diferenças relevantes na prática clínica”, e Gustavo Jesus, que falou sobre “Intervenções farmacológicas nas perturbações do neurodesenvolvimento complexas”.
O terceiro simpósio abordou “Equipas de saúde mental comunitárias: perspetivas presentes e futuras”, sob a moderação de Maria João Heitor e Célia Franco, com intervenções de Liliana Ferreira e Hugo Afonso sobre o “Desenvolvimento e implementação dos programas de intervenção da ECSM Dão Lafões e da ECSM Torres Vedras”, Joaquim Gago com “Implementação e evolução das ECSM a nível nacional”, e uma apresentação sobre a “Saúde e Doença Mental no concelho de Oliveira do Hospital, importância e desafios dos cuidados de proximidade”, com José Francisco Rolo. Por último, o quatro simpósio “A história na arte e na cultura”, moderado por Manuela Abreu e Ciro Oliveira, com o subtema “A vibrante história da histeria”, por Ana Luís Falcão, e “A máscara da histeria”, por Maria Luísa Figueira e Maria José Sousa.
Após o almoço, Richard Davidson apresentou uma plenária sobre “Well-being is a skill: Perspectives from contemplative neuroscience”, introduzindo uma perspetiva inovadora da neurociência contemplativa. A tarde incluiu um simpósio patrocinado pela indústria, seguido de um debate sobre “Acesso à inovação terapêutica em psiquiatria”, moderado por Fernando Medeiros Paiva e Ricardo Moreira, com a participação de Augusta Vieira-Coelho, Jorge Félix, Cláudia Furtado e Marta Couto.
Os simpósios subsequentes abordaram “Limites e desafios na evolução, diagnóstico e tratamento da perturbação bipolar”, com moderação de Maria Luísa Figueira e Joaquim Gago. Este simpósio contou com as apresentações de Sara Melo, que discutiu “Desafios clínicos no início da Perturbação Bipolar: Particularidades pediátricas”, Daniel Sousa com “Mais do que depressão, mas não exatamente bipolar – um novo olhar sobre as perturbações do humor”, e Bruno Canelas Vidal, que falou sobre “Novas perspetivas na abordagem terapêutica do espectro bipolar”.
Outro simpósio, “Os atores secundários no palco da adição”, foi moderado por Carlos Vasconcelos e João Marques, e incluiu as apresentações de Ana Margarida Franco sobre “Adição e neurodesenvolvimento”, Ana Neto, que abordou “Adição em Migrantes, Minorias Étnicas e Refugiados (MMER)”, e Cláudia Gaião Frade, que discutiu “Famílias de pessoas com adição”.
Por fim, o simpósio “A evidência na gestão da suicidalidade”, sob a coordenação de Ricardo Gusmão e Bessa Peixoto, teve as apresentações de Virgínia da Conceição sobre “Abordagens psicoterapêuticas validadas empiricamente”, Amílcar dos Santos com “O papel da ECT e a TMS”, e Albino Oliveira-Maia, que discutiu “Fármacos antidepressivos de ação rápida nas emergências suicidárias”.
Na plenária conduzida por João Bessa e com Ricardo Moreira como chairman, foi debatida a “Neuroplasticidade no tratamento da Depressão: novos caminhos da neurogénese à conectividade cerebral”, seguida de uma homenagem ao professor catedrático António Pacheco Palha.
“É uma figura paradigmática da Psiquiatria em Portugal e uma referência para mim”, disse João Bessa.
De seguida, a sessão de abertura contou com a presença do presidente da SPPSM, João Bessa; o bastonário da Ordem dos Médicos, Carlos Cortes; a presidente do Colégio da Especialidade de Psiquiatria, Manuela Silva; a presidente da Delegação Regional do Sul da Ordem dos Psicólogos, Carla Fernandes; e o presidente deste Congresso, Gustavo Jesus.
A encerrar o segundo dia decorreu a Prova Oral, em direto na Antena 3 com Fernando Alvim, humorista, locutor e apresentador, que promoveu uma discussão enriquecedora sobre variados temas da Psiquiatria. O ambiente descontraído e o estilo irreverente do apresentador criaram uma dinâmica envolvente, onde os convidados puderam partilhar conhecimentos e experiências, tornando a discussão acessível e interessante para o público. Foi um momento de troca de ideias que aproximou a Psiquiatria de uma audiência mais ampla. Este segundo dia do congresso foi marcado por um ambiente de partilha de conhecimento e avanço na compreensão da saúde mental, reafirmando a importância da colaboração entre profissionais da área.