O último dia do Congresso Nacional de Psiquiatria foi marcado por uma série de comunicações livres, plenárias e simpósios, abordando temas contemporâneos e relevantes na área da saúde mental. O dia começou com as Comunicações Livres, com a coordenação de Ricardo Coentre, Ema Conde, Lurdes Santos e Fátima Gysin, que proporcionaram um espaço para a partilha de novas pesquisas e experiências na área.
Na plenária, Iris Sommer apresentou “Potential benefits of early tapering after remission of a first psychosis; results from the HAMLETT study”, que teve como chair Miguel Bajouco, onde discutiu os efeitos potenciais de uma descontinuação precoce após a remissão de um primeiro episódio psicótico.
De seguida, os participantes puderam assistir a vários simpósios. O simpósio intitulado “Tratamentos com cetamina em serviços de Psiquiatria no SNS” foi moderado por Maria João Heitor e contou com apresentações como “Abordagem na depressão resistente: a experiência do uso de cetamina num hospital do SNS” de Francisco Santos, “Cetamina combinada com psicoterapia para depressão resistente: real-world evidence e o papel da experiência subjetiva” por Pedro Castro Rodrigues, e “Cetamina num serviço público: novas fronteiras no tratamento de depressão resistente, dependências e outras comorbilidades” por Pedro Zuzarte.
O simpósio sobre “Intervenções preventivas e terapêuticas em jovens na idade de transição”, liderado por José Salgado, abordou questões críticas na transição para a idade adulta, com destaque para “Resultados de um estudo sobre a realidade da transição em Portugal na ótica de pedopsiquiatras e psiquiatras” por José Salgado, e “Programa Malmequer, intervenção em ambiente escolar com foco na Saúde Mental para a diminuição de comportamentos de risco” por Érica Mira.
A inteligência artificial também foi um tema central no simpósio “Inteligência artificial na prática clínica em saúde mental: uma ferramenta ou uma ameaça?”, moderado por João Fernandes. Os oradores discutiram como a tecnologia pode impactar a psicoterapia e a avaliação clínica, com apresentações de Beatriz Carvalho e Inês Figueiredo sobre o uso da inteligência artificial no contexto das psicoterapias, João Fernandes explicando mais sobre o futuro da terapia assistida por tecnologia, e António Melo abordando a avaliação do ChatGPT como ferramenta de apoio em internamento de psiquiatria.
O simpósio “Fronteiras em psiquiatria geriátrica”, moderado por Manuel Gonçalves-Pereira, trouxe à luz a importância da psiquiatria geriátrica na deteção precoce de perturbações neurocognitivas, com apresentações de Pedro Carvalho, Lia Fernandes e Rafael Alves.
Após o debate sobre Saúde Mental e Sociedade/Media, que contou com a participação de Sara Antunes de Oliveira, vice-diretora do Observador, Luís Filipe Borges, ator, guionista e apresentador, e João Bessa, presidente da SPPSM, e onde se abordou a representação da doença mental e da Psiquiatria nos media, foram levantadas questões importantes sobre o impacto dos estigmas associados, a forma como os transtornos são retratados, e o papel dos media na educação e sensibilização do público, destacando-se a necessidade de uma abordagem mais humanizada e informada, que contribua para a desmistificação e promoção da saúde mental.
Após a entrega de prémios e o anúncio da 4.ª edição do Prémio de Jornalismo em Psiquiatria e Saúde Mental, foram ainda expressos agradecimentos aos palestrantes e ao público, reforçando o compromisso de continuar a promover iniciativas que contribuam para o avanço das práticas em saúde mental e para a construção de uma sociedade mais inclusiva e informada.
Esta edição do Congresso, que contou com mais de 800 inscritos, 60 comunicações orais e 294 posters foi fundamental para reforçar a necessidade de colaboração multidisciplinar e a implementação de práticas inovadoras na Psiquiatria, proporcionando um espaço para reflexão sobre os desafios e as oportunidades que se colocam na saúde mental contemporânea.
Para finalizar, foi revelada a data do XIX Congresso Nacional de Psiquiatria, de 19 a 22 de novembro de 2025, no Palácio de Congressos do Algarve, subordinado ao tema “Do Corpo ao Cérebro na Psiquiatria”.